Acordei!
   Não era tão cedo quanto gostaria, poutx, estou atrasado, to ferrado, vou ouvir para car%#*o.
   Joguei uma água na cara, escovei os dentes, tudo isso em uma velocidade acima de média que costumo fazer, era mais medo do que pressa... Não queria perder a companhia, digo o estágio.
   Mandei mensagem pelo aplicativo, "Perdão, tive um problema aqui logo de manhã, mas estou a caminho."
   Na mesma intensidade do receio que tinha da recepção ao chegar, foi o retorno da mensagem simples e objetiva, "Te aguardo na minha sala."
   Tremi como qualquer pessoa que tem a necessidade de pagar as contas e não podia perder o aquela oportunidade, ah, mas a companhia... esse era meu maior receio.
   O tempo até o trabalho foi igual como sempre, importante frizar que não era tão próximo, mas 100 minutos após do horário que deveria, estava lá, e meu coração a 100... quilômetros por hora.
   Meu colega de trabalho me olhou de rabo de olho, acenou com ambas as mãos algo que entendi como se me oferecesse um abraço, e falou sem soar som algum: calma.
   Entrei na sala, fechada a porta, janelas semi abertas, cortinas longas, alguns diplomas, Ela era demais...
   Foi então quando antes mesmo de dar bom dia a Líder já exaltou o que temia, "De novo, assim fica difícil te  proteger..."
   Naquele instante percebi que Eu esta fu%$¨&...
   Tentei convencê-la da história triste que havia iniciado por mensagem, mas antes que desse seguimento, fui interrompido, e logo também questionado: "Esqueceu que eu também já fui Estagiária...? an?"
   Tão forte quanto o som da demissão, era o meu desespero, e os questionamentos não paravam de ser espelidos na minha face: "Sabe o que fiz para chegar aqui?" "Sabe quantos queriam sua oportunidade"? "Sabe o quanto foi difícil construir isto"? e Eu, não tinha respostas, pois imaginava somente as pedras desviadas em toda trajetória, mas nenhuma havia certeza do quão pesadas haviam sido escalar, desviar...
   E de repente, aquela Mulher que tanto admirava me surtar com suas palavras, calma, tranquila, quase sussuradas... "Em outra época, você teria que chupar o chefe para não perder o emprego"...
   Eu, nervoso, trêmulo, e confesso que instintivamente por medo, como uma tentativa de tentar falar algo positivo disse: "...Eu faço para me redimir... (quando me dei ciência)... perdão, não foi isso que quis dizer..." 
   Naquele instante o silêncio tomou conta do ambiente, a face perplexa Dela, a companhia, era estática, absurdada com o que havia ouvido, e sua mão, em direção ao telefone foi tomando rota.
   Fiquei em silêncio por eternos 40 segundos... e o que ouvi me deixou estranhamento curioso.
   "Bom dia, como está? ... bem também, obrigada, pode me trazer 2 cafés por favor? aguardo, obrigada, té mais"...
    Não entendi nada, talvez pedir dois cafés será a maneira elegante de se dispensar alguém da companhia... Eu era um idiota... pelo menos beberia um café enquanto assinava os papéis de dispensa.

                                                                                                                                                                     Continua...